quarta-feira, 21 de julho de 2010

O FAZEDOR DE COISAS

O artista apresenta uma síntese de sua obra: anotações, desenhos, pinturas, objetos, instalações, um universo de escolhas e “ajuntamento” de coisas encontradas (madeiras, latas, ferros velhos). Para a construção das obras, faz conexões entre formas, matérias e materiais. A experiência de realizar trabalhos no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, toca-o de modo particular.
“Uma miséria absoluta, com um fazer absoluto... Um silêncio absoluto, uma volta à matéria”, diz o artista. Do ateliê podem ser vistas partes da periferia de Belo Horizonte, ficando visíveis as ligações com o espaço externo e os elementos trazidos de fora que, juntos, tornam-se “um quintal ... uma coisa importante, a ser internalizada”, como afirma Marcos Coelho Benjamim.
O Fazedor de Coisas, é um documentário de um arqueólogo que escolhe, escava, ajunta, associa coisas coletadas, madeiras usadas, velhas ferrugens, rastros, passos e marcas, coletadas, transformam-se em silêncio, tempo vivo...
A gaveta, mostrada no documentário possui duas gavetas, a inferior, ao ser aberta, permite encontrar o espaço normal de uma gaveta, a outra é invertida, abre-se no fundo. A superior não pode guardar nada, transforma-se de objeto guardador de coisas, em objeto repelidor de coisas.
A arte para o Fazedor de Coisas mostra pensamento de um povo em determinada época, faz um registro histórico e torna-se um perfil histórico.
Os cartuns-objetos são poemas visuais, os desenhos contendo humores esfuziantes e cáustico, os trabalhos de Benjamim podem figurar como um “realismo mágico”, coisas apropriadas atreladas à certa magia que, abandonadas, tornam-se obras de arte.
O artista busca o tempo todo a transformação dos objetos que ele usa, procura muitas vezes na estranheza do que foi descartado, o belo, ou seja, constrói uma bela obra em cima do que para muitos não seve para mais nada.
A sua obra também tem outro lado, o que faz uma reciclagem de diversos tipos de materiais onde ele tira o que polui visualmente a natureza e a transforma em arte, um objeto que antes era entulho, depois do seu trabalho vira um objeto de arte.
Apesar de fazer seu trabalho voltado para o aproveitamento de materiais, parece que o artista não tem isso como uma filosofia, ele apenas vê arte onde uma pessoa comum vê entulho, diante de um objeto descartado, um exemplo disso é a frase...
“...gosto mais do estranho do que do belo,”, se referindo à periferia onde mora em Belo Horizonte, onde encontra todo aparato de coisas que necessita para seu trabalho.
Sua principal preocupação não está voltada para a poluição do meio ambiente, que vem sendo prejudicado com o descarte de materiais que agridem o solo, demorando décadas e até centenas de anos para se decompor, ele apenas vê peças de arte, onde uma pessoa comum vê sucata.
Por outro lado, mesmo sem ter plena consciência disso, além de usar sua criatividade reciclando materiais, ele está prestando um ótimo serviço ao meio ambiente e dando a outros artistas um grande exemplo de transformação da arte.

BIBLIOGRAFIA:
BENJAMIM, Marcos Coelho; O Fazedor de Coisas, São Paulo/Rede Sesc Senac de Televisão -DVDTeca - TV Escola - 2002

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